Pobre Schaklin!
Um tema extremamente sensível: dar nome a uma criança.
Esta semana diversos jornais alemães publicaram mais uma vez uma notícia sobre o tema, reaquecendo um velha discussão no país: um casal do estado de Nordrhein-Westfallen (NRW), na Alemanha, foi autorizado a dar o nome de "Schaklin" à sua filha. Como o nome tem uma pronúncia parecida com Jacqueline (de onde deriva o 'novo nome'), o casal foi autorizado a escolher este nome mediante a apresentação de uma declaração assinada de que estavam cientes e se responsabilizavam pela escolha do nome "exótico", relatou Alexandra Hoven do cartório da cidade de Eschweiler (estado de NRW) ao jornal „Aachener Zeitung“.
Alguns nomes da moda, exóticos ou mais moderninhos são praticamente tidos como uma "maldição" imposta a uma criança. Independente da discussão sobre liberdade de escolha ou do que pode ser chamado "preconceito social" ou não, fato é que crianças que recebem tais nomes modernos, "sazonais" ou "exóticos" têm problemas na escola, com professores e educadores que acabam criando uma imagem social da família de uma criança através do nome que seus pais escolheram para ela. É por isso que popularmente se diz na Alemanha que "Kevin não é um nome, é um diagnóstico". Ciente disso, levantar bandeira usando o próprio filho para protestar não é a coisa mais simples a se fazer. No final uma criança será usada em um "protesto" dos pais e terá um nome que por si só já lhe causará problemas por toda a vida escolar.
Muitos professores fazem a comparação com um estudo do PISA, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Programme for International Student Assessment - PISA) que mostrou que a origem e classe social dos alunos têm impacto sobre o desempenho das crianças na escola, com o fato de que a ocorrência de determinados prenomes das crianças estatisticamente também coincidem com as mesmas classes sociais.
As exceções confirmam a regra. A probabilidade de que um ou outro Kevin vá para o ginásio ou faça um doutorado não está excluída. Mas talvez ele tivesse uma vida escolar mais fácil com o prenome Lukas ou Phillip. O portal satírico de.uncyclopedia.org descreve o fenômeno "Kevinismus" como "incapacidade patológica para dar aos seus descendentes nomes humanos".
No estudo "Ungleichheiten von Bildungschancen aufgrund des Vornamens" (As desigualdades de oportunidades educacionais por causa do prenome) da Universidade Oldenburg, a pesquisadora Julia Kube perguntou a cerca de 500 professores e professoras de escolas primárias qual o prenome eles jamais dariam a seu próprio filho. Eles deveriam responder espontaneamente, sem uma lista para escolher, apenas escrever o nome em uma lacuna em branco. A resposta dos professores resultou na lista a seguir.
- Nomes que os professores primários pesquisados jamais dariam a seu próprio filho ou filha:
1. Kevin (64,0 %)
2. Jacqueline (37,2 %)
3. Chantal (33,2 %)
4. Justin (30,4 %)
5. Marvin (10,8 %)
6. Mandy (9,2 %)
7. Dennis (9,2 %)
8. Michelle (7,6 %)
9. Pascal (6,8 %)
10. Marcel (6,2 %)
11. Dustin (5,6 %)
12. Leon (5,0 %)
13. Jennifer/Jenny (4,8 %)
14. Steven (3,0 %)
15. Luca (3,0 %)
16. Jessica (2,8 %)
17. Laura (2,8 %)
18. Sandy (2,6 %)
19. Patrick (2,6 %)
20. Jason (2,6 %)
21. Adolf (2,4 %)
22. Sascha (2,0 %)
No mesmo estudo, os professores deveriam escolher, a partir de uma lista de nomes, os 12 nomes femininos e masculinos que eles avaliariam como sendo de alunos "de melhor desempenho escolar" assim como uma lista dos que eles julgariam "de desempenho mais fraco". As respostas resultaram nas seguintes listas:
- Prenomes [que poderiam ser] de alunos com melhor desempenho:
1. Hannah (82,2 %) / Jakob (75,8 %)
2. Charlotte (80,0 %) / Maximilian (66,6 %)
3. Marie (79,8 %) / Alexander (64,4 %)
4. Sophie (79 %) / Simon (64,6 %)
5. Katharina (78,2 %) / Lukas (54,8 %)
6. Emma (75,0 %) / Leon (44,8 %)
7. Nele (69,8 %)
- Prenomes [que poderiam ser] de alunos com desempenho fraco:
1. Mandy (80,6 %) / Kevin (84,4 %)
2. Chantal (81,4 %) / Justin (79,8 %)
3. Angelina (63,4 %) / Marvin (69,6 %)
4. Celina (51,2 %) / Maurice (54,2 %)
5. Vanessa (47,2 %) / Cedric (46,6 %)
6. Nick (34,8 %)
Em última análise, a que conclusões chegar a partir destes resultados, como pais, cada um deve decidir por si mesmo.
Fontes:
The Huffington Post Deutschland
Aachener Zeitung
Die Bild Zeitung
Vorname.com
Der Lehrerfreund
Bundesministerium für Bildung und Forschung
Uncyclopedia.org