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Se você está chegando agora...
Bem-vindos ao Caldeirão !
Se você está chegando agora, vai notar que os usuários deste site falam algumas coisas esquisitas, como por exemplo: 'dei uma cactada', 'sou um cactoso'; de vez em quando, há algumas referências que você não entende, como por exemplo, alguns rapazes falando sobre aspiradores de pó, ou algumas de nós, mulheres, chamando uma à outra de fútil e desocupada. Você vai ouvir falar sobre panelas e caldeirões. O que você vai estranhar é que nada ofende e que tudo é dito num tom de companheirismo, carinho e amizade.
É isso mesmo. Este portal surgiu da necessidade de um espaço virtual para o encontro de amigos, no início virtuais, hoje em dia nem tanto. Uma parte dos integrantes desse fórum se encontrou pela primeira vez num outro fórum: o Brasileiros na Alemanha, do Orkut. Foi uma ocasião muito rara que reuniu pessoas que passavam pelas mesmas dificuldades de adaptação à cultura alemã e que pensavam de uma mesma maneira.
As pessoas foram se conhecendo lentamente, post por post. O especial nesse grupo era, e ainda é, justamente o senso de humor. Um exemplo disso é o termo Fútil, tão utilizado no fórum, ao lado de Desocupada, que tem uma história. Tudo começou quando uma pessoa da comunidade abriu um tópico dizendo que o Postmann (carteiro) não a respeitava. Grávida, a jovem em questão quis compartilhar a experiência de um carteiro que não a chamava de ‘Sie’ (senhora em alemão, termo que sempre é utilizado entre pessoas que não se conhecem. Trata-se de uma forma de respeito e é utilizado tanto entre jovens quanto entre pessoas mais velhas). Houve vários posts de resposta, a maioria de mulheres da comunidade que sabiam o que era estar 'baziguda' (denominação carinhosa do grupo para as grávidas) e ter de subir e descer escadas com um embrulho, só porque o carteiro ‘achava’ que a nossa amiga precisava fazer exercícios. Foi sugerida uma conversa entre a nossa amiga e o carteiro, em que ela exigisse o devido respeito; se isso não resolvesse, sugeriu-se que ela pedisse a intervenção do marido. Eis que alguém escreve uma mensagem dizendo que se sua mulher o incomodasse com tal tema, depois de um dia exaustivo de trabalho, ele daria ‘um pé na bunda’ (sic) nela. Começou uma discussão árdua. As mulheres da comunidade não toleraram tal comentário tão machista e partiram para o ataque. No meio da discussão, entra uma mulher, que se autodenominou ‘Doutora’, e diz que nós, mulheres como ela, éramos uma vergonha para nossa classe, porque éramos fúteis e desocupadas, que tínhamos problemas de adaptação num país tão belo, maravilhoso e rico culturalmente como a Alemanha, que ela conhecia de uma viagem de 3 meses. Mais discussão, um arranca-rabo danado, mas a ‘Dotora’ nunca mais apareceu para nos dar uma resposta. A forma de reação do grupo foi imediata: começamos a nos chamar de fúteis e desocupadas(os).
O segundo fato que uniu ainda mais o grupo foi o episódio de uma mal-disfarçada neonazista que apareceu na comunidade se denominando alemã, embora tivesse nascido e morado no Brasil, e que defendia a superioridade da beleza ‘ariana’. Foi o começo de uma nova briga, com respostas de repúdio do grupo. Em meio à discussão, a dona de infeliz opinião diz que nós estávamos, todos nós do grupo que moramos na Alemanha já há algum tempo, com inveja porque ela era ariana e nós éramos terceiro-mundistas subdesenvolvidos que ansiávamos por um passaporte alemão e que para conseguir isso lançávamos mão do casamento. O repúdio às opiniões da mal-informada neonazista foi tão grande que ela se retirou da comunidade.
Alguns dias depois, surge a Irmandade FDTmNa: Irmandade dos Fúteis, Desocupados, Terceiro-mundistas, Não-arianos. Mais uma vez era uma forma bem-humorada de o grupo lidar com uma situação virtual, mas mesmo assim surreal. Foi criada uma Diretoria e distribuíram-se cargos dos mais estapafúrdios possíveis: desde Diretor de Assuntos Muambísticos até Assessor de Cultura para o Norte da Alemanha. O grupo ia crescendo e crescendo. Todos os que mostravam um mínimo de bom-humor eram admitidos no grupo, mediante o pagamento ao CacosBank of Mônaco, de uma singela contribuição de adesão: as taxas variavam de garrafas de cachaça a picanhas, itens que brasileiros que moram na Alemanha consideram verdadeiros ‘tesouros’. Cada novato que entrava na Comunidade precisava ‘pagar’ a contribuição. Tudo isso acontecia num clima de humor, amizade e companheirismo.
A maioria de nós usava a BNA como uma válvula de escape. Quando as diferenças culturais se tornavam desesperadoras, tínhamos a BNA para desabafar. Lá havia sempre pessoas que passavam pelas mesmas situações. Lá podíamos rir. Foi em um desses desabafos que surgiu o termo ‘cactus’: uma estudante, vindo do ensolarado e caloroso Nordeste, sentia-se sozinha e sofria com diferenças culturais, climáticas, etc. Ela entrou na Comunidade e disse: 'Gente, parece que tem um ‘cactus’ crescendo dentro de mim.' A reação do grupo foi imediata: adotamos o termo ‘Cactus’ como sinônimo de grau de germanização. Perguntas como: ‘como está seu cactus hoje? Meu cactus hoje está enorme.’ Ou ‘Dá uma cactada na pessoa’, viraram rotina. Já tínhamos desenvolvido uma linguagem própria.
Um outro momento engraçado foi quando postaram sobre uma pesquisa recente, mostrando como homens se machucavam ao tentar fazer sexo com aspiradores de pó. De novo, reagimos com o bom humor peculiar ao grupo e havia sempre referências aos aspiradores de pó, do tipo: ‘Preciso esconder o aspirador de pó de Fulano’ ou ‘Fulano, já visitou seu aspirador de pó hoje?’, ao que se respondia: ‘Que nada. O meu aspirador de pó se engraçou com a geladeira. Estou torcendo para que eles tenham um filho logo. Estou precisando de um microondas.’ E coisas nessa linha.
E assim a vida ia correndo. Com 20 a 25 novos tópicos diários, a BNA (Brasileiros na Alemanha) era uma das comunidades mais ativas do Orkut. Havia tópicos com mais de 100 mensagens. O número mínimo de mensagens era de 25. Havia de tudo por lá: desde a discussão de políticas educacionais e econômicas até receitas de bolo.
Tanta intimidade e tanto companheirismo gerou um certo desconforto. Começaram a nos acusar de ‘panela’. O grupo mais uma vez reagiu com bom-humor e começou a falar de ‘caldeirão’. Todos os dias recebíamos pedidos de ajuda, a maioria de brasileiros querendo vir morar aqui na Alemanha e pedindo informações. Foram tantos pedidos parecidos, que o grupo se organizou e criou um ‘FAQ’: um índice com perguntas mais freqüentes que já haviam sido respondidas pelo próprio grupo. Havia de tudo: gente pedindo emprego, gente pedindo informação sobre faculdades e cursos de alemão, gente pedindo ajuda com documentação necessária para visto etc. etc. etc. Alguns pedidos eram muito ‘zem nozão’ (mais uma expressão criada pelo grupo), do tipo: ‘Olá, sou brasileiro, não falo alemão, não falo inglês, quero ir trabalhar aí. Alguém sabe de um quartinho para alugar?? De preferência barato, bom, bonito, limpo, arejado, de frente pro verde.’ Ou: ‘Olá, sou brasileiro, moreno, bonito, sensual. Queria casar com uma alemã. Será que rola?’ E todos os dias a ladainha se repetia, rendendo tópicos muito engraçados, pois o grupo reagia obviamente com bom-humor a esses pedidos mirabolantes.
Mas, o Orkut começou a ter problemas. Havia dias em que ninguém conseguia acessar as Comunidades e nem postar nada. O vício BNA era tão grande, que ficávamos desesperados. Foi nesse momento que surgiu a Administradora desse nosso portal e abriu esse espaço para nós. E aqui estamos, fazendo dessa nova BNA (chamada entre nós de verdinho) um cantinho aconchegante para todos que queiram compartilhar conosco suas experiências, dificuldades, apreensões. O bom-humor e o companheirismo foram trazidos conosco. Ao ler nossas mensagens você logo vai perceber. Não perca mais tempo. Pegue um banquinho, uma cervejinha e venha papear conosco.
Ah! Não esqueça de trazer seu Cactus junto! Seja bem-vindo!
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Texto: Andrea T.
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